quarta-feira, maio 23, 2007

Matéria Revista Domingo - transcrita



Por Anna Carolina Braile
Na calçada da Rua Muniz Barreto. em Botafogo, um grupo de jovens se aglomera sob um varal de calcinhas coloridas. Há cheiro de churrasco no ar e o samba rola solto, embalado por latinhas e latinhas de cerveja. É mais um lançamento do jornal Calcinhas ao Léo, uma publicação idependente e feminina sobre sexo, cerveja e poesia. Idéia das amigas Tatiana Berlim, Marla de Queiroz, Giselly Paulino e Mariana Silvestrin, que virou motivo de festa mensal, cada vez mais cheia.
Em comum as quatro meninas têm o curso de comunicação social na Faculdade Hélio Alonso (FACHA) e o gosto por bebidas alcoólicas. De diferente têm todo o resto. A capixaba Giselly é virginianamente organizada e está noiva. É a que "tem as idéias". A carioca Tatiana prefere as meninas aos meninos, é ariana e tem humor sarcástico, que dá graça aos textos. Solteira no Rio de Janeiro, a capricorniana Marla veio de Brasília. Lançará este mês seu primeiro livro de poesia - outra produção idependente. Já a curitibana Mariana, apesar de estudar publicidade, trabalha no mercado financeiro. Escorpiana, cuida da diagramação do jornal .
Tantas diferenças são fundamentais para o clima despojado e bem-humorado do Calcinhas ao Léo. "Somos quatro amigas etilicamente poéticas, com vocação para falar demais. Um dia em meio a uma sessão de tagarelice, resolvemos passar nossas conversas adiante", conta Tatiana. O Calcinhas não tem patrocínio, é impresso em papel A4 e tem tiragem de 400 exemplares, que são distribuídos gratuitamente. "Por que a gente quer dar para todo mundo", brinca Marla. Mas a primeira edição teve público restrito, foi criada para provar aos professores da Facha que o ócio é, sim, criativo. E se o curso é de comunicação, nada mais natural do que querer se comunicar por meio de um periódico.
Não fosse a qualidade dos textos, os hilários trocadilhos e o sucesso que o primeiro número fez entre os alunos, o jornal teria parado ali, como se fosse mais um trabalho de faculdade. Mas foi mais longe do que as autoras poderiam imaginar, graças ao processo de criação nada ortodoxo. Na edição de lançamento, deram a seguinte explicação: "Calcinhas ao Léo nasceu ao relento. Entre um gole e outro alguém resolveu desocupar a mão que segurava a cerveja gelada, substituir por uma caneta e escrever as idéias que surgiam ali, no Léo".
O Léo a quem se referem é o vendedor ambulante que há 29 anos trabalha na calçada em frente á FACHA. Todos os dias, por volta das 17hs, ele chega ao local com um isopor cheio de cerveja gelada. Não demora muito para que, à sua volta, proliferem banquinhos de plástico e conversas sobre relacionamentos, dieta, beleza, astrologia. "Meu isopor sempre foi o point da mulherada. Mas essas quatro tiveram a boa sacada de colocar todas as conversas no papel", elogia Léo.
Além de fã, o vendedor é eternamente grato ás quatro meninas. Uma vez por mês, elas garantem freguesia ao redor do isopor, durante a festa de lançamento do jornal. A cada evento o número de pessoas aumenta e a quantidade de cerveja também. "Não sei como o pessoal da faculdade ainda não reclamou. As janelas das salas de aula dão para a a calçada", diz Giselly.
Durante a diversão, as meninas arrecadam alimento não perecíveis, doados a um grupo de alunos, também da faculdade, que desenvolvem um projeto assistencialista. Há também quem venda bijuteria e artesanato. "Criamos uma feira de idéias. Pena que não temos apoio da FACHA", lamenta Mariana.
A quinta edição do Calcinhas ao Léo , será lançada no dia 8. Com a mesma fórmula de comédia, sacanagem e toques da personalidade feminina, mas ainda sem atender a principal vontate dos meninos: a de pendurar calcinhas usadas no varal.

sábado, maio 19, 2007

Blog do professor PC

http://blogdoprofessorpc.blogspot.com/2007/05/calcinhas-ao-lo-no-confundir-com-lu.html


Quem estudou, estuda ou estudará na FACHA, conheceu, conhece ou conhecerá o Léo. Recentemente, um grupo de alunas decidiu homenagear o cara criando um jornal e um evento mensal, em que são penduradas calcinhas de diversos cortes e tons num varal próximo à faculdade. Saiu até no JB. Ontem foi o Leandro Mazzini, outro ex-aluno, grande figura, que também homenageou o cara, publicando o post abaixo no seu blog reproduzido no mesmo JB.

"Lembro bem daquele dia da formatura em 2001. Um bando de jornalistas prestes a entrar no mercado, lado a lado numa arquibancada. Logo à frente, toda a direção da faculdade e professores de costas para nós, um conhecido publicitário como paraninfo, e lá embaixo, de frente, as famílias e amigos. Um deles, ao meu lado, colocou a máscara do Bin Laden. Uma garrafa de vódka da boa rodava de mão em mão, boca em boca, enquanto os mestres discursavam - e para o espanto de nossos pais. Um cara gritou lá de cima: Viva o Léo! E o Léo, lá do fundo, acenou alegre.

Esse é o assunto. O Léo é um cara que vende cervejas e refri há uns 20 anos na porta da Facha, uma faculdade em Botafogo, no Rio. Figura conhecida, bom papo, boa praça, conquistou principalmente quatro garotas fachistas que acabam de lançar o Calcinhas ao Léo, um jornal em sua homenagem. Contam de tudo. Mexem com a libido. Incomodam os bons modos. Atiçam a liberdade de expressão. Mais uma boa notícia".

quinta-feira, maio 17, 2007

JBlog - Leandro Mazzini

www.jblog.com.br/lmazzini.php



"Lembro bem daquele dia da formatura em 2001. Um bando de jornalistas prestes a entrar no mercado, lado a lado numa arquibancada. Logo à frente, toda a direção da faculdade e professores de costas para nós, um conhecido publicitário como paraninfo, e lá embaixo, de frente, as famílias e amigos. Um deles, ao meu lado, colocou a máscara do Bin Laden. Uma garrafa de vódka da boa rodava de mão em mão, boca em boca, enquanto os mestres discursavam - e para o espanto de nossos pais. Um cara gritou lá de cima: Viva o Léo! E o Léo, lá do fundo, acenou alegre.

Esse é o assunto. O Léo é um cara que vende cervejas e refri há uns 20 anos na porta da Facha, uma faculdade em Botafogo, no Rio. Figura conhecida, bom papo, boa praça, conquistou principalmente quatro garotas fachistas que acabam de lançar o Calcinhas ao Léo, um jornal em sua homenagem. Contam de tudo. Mexem com a libido. Incomodam os bons modos. Atiçam a liberdade de expressão. Mais uma boa notícia."

domingo, maio 13, 2007

Quinta Edição




A quinta edição do "Calcinhas ao Léo" vem toda bordada de açúcar. É que comovidas com o mês das noivas, resolvemos ceder e mostrar um lado nosso mais frágil e romântico, que não é, necessariamente, o mais interessante. Mas como no jogo da sedução devemos usar todas as nossas armas, não deixaríamos de fora esta: a revelação do nosso desejo de amar e ser amada pelo próximo...da fila.
Outono no Rio de Janeiro é abençoado. A cidade fica vestida de dourados, de céu azul e brisa fresca, possibilitando trocar a cerveja pelo vinho e a boemia pura e simples, pelo abraço. Ele vai nos preparando, com uma vontade súbita que sentimos de desaceleração, para a famosa total carência que nos atinge a todos no inverno. É a vontade de que um outro corpo nos agasalhe ou que um edredom aqueça não um, mas dois corpos, preferencialmente quase ocupando o mesmo espaço, ou sendo mais didáticas: um por cima e, se possível, dentro do outro.
É por isso que lançamos aqui a campanha: "Diga não às calcinhas beges e sem costura, enormes e confortáveis. Adote uma calcinha de renda...ou várias".
Para você que ainda se assusta com a aparente auto-suficiência das mulheres interessantes, temos grandes revelações a fazer:

1—Nenhuma mulher é auto-suficiente ao ponto de preferir abraçar a si mesma.

2—Nenhuma mulher é fodona ao ponto de abrir sozinha um vidro de azeitonas sem xingar ou pensar em pedir ajuda ao porteiro

3—Nenhuma mulher é intelectual ao ponto de não querer, pelo menos uma vez na vida, passar a noite com o bofe gostoso que só terminou o segundo grau porque namorava a professora do supletivo.

4—Nenhuma mulher é tão mulher que não precise ou não queira ter alguém ao seu lado para compartilhar coisas, desabafar, fazer amor, conversar fazendo aquelas vozes irritantemente infantis ou para, simplesmente, projetar seus defeitos em alguém
.

Mulheres, num grau maior ou menor de exigência, gostam de homens que gostam de si mesmos. (Entendam que estamos falando de relacionamentos saudáveis). O que significa que, um homem que gosta de si, se cuida, se higieniza, se interessa por ela, pela vida dela, se instrui, lê, têm hábitos razoavelmente saudáveis, é incapaz de ser grosseiro, não é egoísta, planeja coisas a dois, joga limpo, se atualiza, se observa, respeita e faz sexo direitinho.

Que tipo de noiva você é?
Descubra qual é o seu estilo para chegar ao altar.


A. Quer arranjo exótico e toalhas pretas: você é excêntrica!
B. Quer arranjo delicado e toalhas creme: você é ultrapassada!
C. Quer arranjos artificiais e toalhas que não sujam fácil: você é esperta!
D. O cara do buffet resolve tudo isso, certo? Você é prática: já escolheu seu futuro marido!
Agora só falta resolver a decoração da festa.
E. Não quer arranjos, nem toalhas bordadas, apenas sexo bom todos os dias: você é uma "Noiva em Fuga".
F. Quer qualquer arranjo, nem pensou nas toalhas, só escolheu o marido: você é a dama de honra?
G. Pode até ser infeliz, mas quer ter um marido: você é a Zezé Polessa!

Algumas mulheres ficam bem usando macacões (homens-armário), tomara-que-caia (em mim), botas, túnicas e belos vestidos balo(ne)nês quando lhes convém.
Mas se você é um pouco avessa a tendências, pode esquecer até a profusão de florais e estampas "alegres" demais, optando por reativar o vintage : aquela moda usada e esquecida. Pode-se então, repetir com gosto aquele bofe antigo e confortável que ainda não perdeu a estampa, que não foi desbotado da memória.
Se os tons pastéis, pardos ou pretos estiverem em promoção ou no caminho do altar, liquide-se. Aproveite para fazer sobre-posições inimaginadas.
O clima e o champagne ajudam. Só não esqueça de levar a meia-calça reserva na bolsa, porque fazer sexo em cima da pia até pode, mas desde que não rasgue, desfie ou seja na batismal.


Nesta edição, nós, Calcinhas, fizemos o que, infelizmente, poucos “Cuecas" conseguiram: atingimos a marca invejável de cinco tentativas e nenhuma desistência !
Isso porque mulheres independentes conseguem o que querem quando usam a cabeça, o decote, ou mesmo a TPM como desculpa. A novidade é que com o clima mais ameno e os convites de casamento chegando, ficamos mais emotivas. Abrimos mão de quase toda liberdade de expressão, tesão e maquiagem, por um par que nos agasalhe, nos faça promessas sinceras e que nos torne mães antes que fiquemos pra titias. Afinal de contas, feminismo tem limites, nem que seja o da gravidade. E, com os preços de hoje em dia,queimar sutiens é coisa pra quem tem dinheiro sobrando ou silicone
Preparem-se! Neste mês, uma forte frente de mulheres-alfa irá desembocar em suas costas. Sob a forma de uma mistura deliciosa de Rê Bordosa e Radical Chique, elas irão causar estragos. Ou se casam com você, ou vão brincar de papai e mamãe até enjoar. Recomenda-se cautela, preservativos e vastos conhecimentos nos ramos sexual, climatológico e noções de grego. Assim, quando esse furacão-mulher estiver passando, você pode tentar entender porque se esgotam as denominações com letras convencionais para esses dois fenômenos da natureza. Caso tenha faltado às aulas de trigonometria, apele para um Chico Buarque e escute "Mulheres de Atenas"... De repente, funciona.
Eu vivia num pacotinho com mais três Calcinhas até que, uma arranjou uma namorada, a outra fez as pazes com o namorado antigo e a próxima resolveu casar. Fiquei avulsa. Como é de praxe com qualquer Calcinha solteira, resolvi cair no mundo com o coração e alguns botões abertos , porque auto-suficiência sempre foi meu forte (e ser a calcinha aventureira é minha sina), mas algumas noites frias refutam qualquer teoria do eu-não-preciso-de-alguém-pra-estar-feliz.Seria eu, a consolidadora da teoria de sexo frágil? Cruzes! Então abri o jornal de domingo pensando que poderia simplesmente preencher meu dia com muita cultura, lavar minha alma desse desamparo que é um domingo com os ecos das olimpíadas do Faustão. Foi quando, lendo os milhares de anúncios de páginas inteiras da Casa e Vídeo (mês das noivas), da Casas Bahia (mês das noivas, né?), da Insinuante (até vestidos de noiva mais baratos),do Mundial (descontos especiais para as noivas), tive a idéia: por que não anunciarem homens cultos, inteligentes e gentis, que não são garotos de um só programa, oferecendo companhia para as tardes de domingo com direito a visitas a museus, conversas sobre literatura em cafés-aconchegantes e mais gentilezas-surpresas de bônus (incluindo um intervalo para meu cheque especial). Detalhe: no preço do aluguel, estaria incluso o bofe pagar a conta e todos os ingressos dos eventos.
Então fui à página de anúncios para acompanhantes (vai que alguém teve essa excelente idéia e ainda divide o valor de sua companhia em 3 vezes no cartão, sem juros). Encontrei Dianas que fazem tudo, Sthéfanies que têm corpo de modelo, Gessykas hermafroditas, Heleninhas Raio- Laser, Hildas Furacão ( relembrando que esta, na sua primeira aparição e "execução profissional", trajava vestido de noiva), Rapunzel com três litros de silicone e uns tais Raul-trinta-centímetros-de-prazer.
Resultado: aluguei um vídeo " Solteiro no Rio de Janeiro", pedi uma pizza (brotinho),abri um vinho (chileno) e escrevi este texto (desabafo). Na falta de companhia, é melhor gastar seu dinheiro com coisas úteis. Vai que o entregador de pizza dá um caldo...
Essa meninada fechou o mês de abril no dia do beijo e começou maio dando um trabalho dobrado. Coitado é de Santo Antônio que até a essa hora deve estar de cabeça para baixo tentando arranjar "cuecas soltos" para as "calcinhas avulsas" ávidas por um casamento. E se todo mundo tem uma mãe, os santos também têm as suas. Pedido de filho não se nega e ele, sobrecarregado, me pediu um reforço. Porque se o filho que é Santo não ajuda, todo mundo desce um pouquinho do salto e apela para Mamãe aqui, que todo dia é nosso dia.
Mãe Calcinha da Assessoria tem coração grande, sempre perdoa as mais diversas falhas e vai, com certeza, ajudar na simpatia, garantindo o sucesso da mandinga. Mas não se esqueçam que um bom perfume e uma mini-saia sempre ajudam.O resto, fica por conta da consulta. E desvira meu menino, moça, que é para mó dele me ajudar.
De cabeça pra riba ele pensa mió.
Após "Cem Anos de Solidão" e recuperada do trauma "Do amor e outros demônios", me sentindo a protagonista de "Ninguém escreve ao coronel", no "Outono do patriarca" quis deixar de fazer o papel da" Incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada" e viver nem que fosse um "Amor nos tempos do cólera".
Tantas noites com Gabriel Garcia Márquez me despertaram a vontade de revisitar Elisa Lucinda com seu "Eu Te Amo e Outras Estréias", açucarada que eu já estava. E, tão apaixonada por Drummond ali, no meio do caminho entre Copacabana e Ipanema, descobri que o amor é essa " Paixão Medida" e não essa "Paixão Segundo G.H." que queima feito "Àgua Viva" nas relações Lispectorianas.
Vinícius de Morais, se era um safado, também era um sábio quando escreveu "Para uma Menina com uma Flor", inaugurando uma primavera, em pleno outono, no coração das Calcinhas arrepiadas de delicadeza.É que em algum momento, todos nós merecemos viver " Todo amor que houver nessa vida", que Cazuza já reivindicava como numa "Profecia Celestina" . Para nós, Calcinhas, não é "Insustentável a Leveza do Ser", mas possível e almejada, Milan Kundera que nos perdoe.E, se são "Risíveis os amores", e "Todas as cartas de amor são ridículas",nós escolhemos o "Soneto do Amor Total"ou algo que possa ser vivido num " Tempo da Delicadeza", " Com açúcar e com afeto".
"Futuros Amantes, quiçá", todos esses Vinícius, Chicos, Milans, Gabrieis,Fernandos,Carlos, Zecas , só nos semearam a vontade de ter " a sorte de um amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida..." e nos fizeram acordar com "uma vontade danada de mandar flores ao delegado e beijar o português da padaria..." e esquecer um pouco o nosso lado Vargas Llosa em "As Travessuras da Menina Má".
Agora, a gente quer viver o amor... literal-mente.
Não se faça de enrustida, amiga louca para desencalhar. A água do planeta está acabando de tanto você usar o chuveirinho da sua casa como instrumento de prazer. Esqueça seu discurso falso moralista e ecologicamente correto de que não se deve pegar o buquê em tempos de desmatamento, e se jogue com unhas e dentes... mas, por favor, só depois que a noiva jogá-lo.


Lançamos mão de tendências de moda, literatura de auto-ajuda, testes de inteligência e faro feminino, truques para pegar o buquê, dicas de formatação para convites de casamento, enfim,isso tudo porque esta edição comemora a despedida de solteira de uma das nossas Calcinhas: Devana Devon.